RESUMO
A intervenção para o enfrentamento à situação de rua de crianças e adolescentes é discutida a partir de estudo de avaliação do Serviço Ação Rua. Utiliza-se delineamento qualitativo de Estudo de Caso Único com Unidades de Análise Incorporadas, envolvendo inserção ecológica, análise documental e grupos focais com Adolescentes, Famílias, Trabalhadores Sociais e Gestores vinculados ao Serviço. O estudo se refere aos seus três primeiros anos (2007-2009), entre implantação e execução. Os resultados, com base na Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano, indicam que o Serviço se constituiu em microssistema direto, ampliou o número e a qualidade dos microssistemas do público atendido. A regularidade e a reciprocidade afetiva destacaram-se nos processos proximais estabelecidos, percebidos como apoio social formal e informal. A presença constante nos espaços de vida do público atendido cria estabilidade presencial que se contrapõe à imprevisibilidade da rua, e ultrapassa os limites tradicionalmente esperados para a abordagem social de rua. Destaca-se a importância da pessoa do trabalhador social para o desenvolvimento da intervenção. As lições aprendidas do Caso Ação Rua são relevantes para refletir sobre intervenções dirigidas à abordagem social de rua e programas de apoio sociofamiliar em diferentes contextos. Limitações e propostas de estudos futuros são apresentadas.
Intervention with children and adolescents in street situation are discussed through the Ação Rua Case evaluation study. A Single Case Study with Embedded Analysis Units was used by means of ecological insertion, documentary analysis and focus groups with Adolescents, Families, Social Workers and Managers connected to the Service. The present study considers the three first years (2007-2009) of the case study, considering implementation and execution. Results, based on Bioecological Theory of Human Development, indicate that the Service comprised a direct microsystem, and increased the number and quality of the microsystems of the public served. Regularity and affective reciprocity were highlighted as elements of the proximal processes established, also perceived as formal/informal social support. The Service constant presence in the living spaces of the attended public created a face-to-face stability that contrasted to the unpredictability of the street situation, and went beyond the traditional limits of the street outreach approach. The importance of the social worker for the development of the intervention is emphasized. The lessons learned from the Ação Rua Case are relevant to examine on interventions aimed at the street outreach approach and socio-family support programs in different contexts. Limitations and suggestions for future studies are presented.
